sexta-feira, 24 de julho de 2009

Enfim.

Eu não sei se alguma vez eu cheguei a dizer aqui o por quê de eu ter estendido o programa por mais 1 ano. Na verdade eu poderia ter estendido por mais 9 meses, assim eu não pegava o verão de novo, mas na época eu nem lembrei disso. Só me dei conta quando minha amiga da noruega, que também estendeu, só que por 9 meses, me explicou suas razões. Pq que eu não pensei nisso??? Não sei onde foi parar aquele meu raciocínio rápido, aquela mente perspicaz (?) que nego invejava na escolinha da Tia Patrícia...

Falando sério agora, a decisão não foi fácil. Eu amo esse lugar. Adoraria viver por um tempo na East Coast, confesso, mas não há nada melhor do que o clima da Califórnia. Aqui eu saio mais, me divirto mais, tenho mais independência, mas em compensação são as vezes mais de 45hs da minha semana, das 70hs que eu tenho acordada, onde eu volto a minha infância mais do que desejava, e sonho em voltar a ser um adulto a cada 5 minutos.

Um dos problemas é o trabalho que eu achei que faria com os pés nas costas, hoje eu me arrasto *drama*. Digo me arrasto pq dependendo do dia, eu conto as horas pro dia acabar. Faço o meu trabalho da melhor maneira possível, mas se eu estou satisfeita? Isso já é outra história.

Cheguei aqui achando que brincar com criança era a oitava maravilha do mundo. Isso claro, pq eu só tinha trabalhado com elas part-time e no final do dia eu estava em casa, onde eu podia descansar sem problemas. Don't get me wrong, eu AMO criança, ainda quero ser mãe (agora bem mais tarde), adoro conversar com elas e tal, mas todo dia ter que brincar da MESMA coisa, ficar de quatro fingindo ser um tigre ou um leão, brincar de carrinho fingindo que meus dedos são pessoas, e isso por pelo menos 1h direto. Ou até mesmo ir ao mesmo playground de sempre e brincar do mesmo pique-pega...eu digo: CANSA, baby. Afinal de contas eu tenho 25 anos, não tenho filhos (embora muita gente ache que são meus - ou Bob diga vez ou outra "have you told you mom that you have kids now?"), eu tô no auge da minha juventude e brincando de casinha 24hs, e pior, mãe solteira, né pq arrumar um exemplar do sexo masculino de qualidade que tenha idade pra "brincar" comigo, tá difícil.

Fico praticamente o dia todo dialogando com pessoas de 7 e 4 anos. Tipo, as vezes no auge do meu tédio, eu viro pra um deles e começo a contar fatos que eu gostaria de comentar assim, com alguém de pelo menos 20. Coisa boba mesmo: "ontem fiz minhas unhas, mas não gostei dessa cor...", "tô querendo ir no shopping esse sábado comprar uns shorts e umas regatinhas", e por aí vai. Sério, é muito complicado. Para os pais(me refiro a todos no geral) é muito cômodo. Passam o dia todo fora, chegam pra janta, ficam umas 4 horinhas no máximo com os pimpolhos, e cama. Passaram o dia trabalhando? Passaram, mas lidando com adultos, não trocando idéias com crianças. Se algum pai ou mãe ler, vai dizer que daria tudo pra ficar em casa com os filhos. Isso é verdade, mas tenta aí focar de 9 a 10 horas do seu dia SÓ em função dos seus filhos como a au pair aqui faz, não só alimentando, protegendo, mas brincando como se vc tb fosse uma criança. Sem fazer nada pra vc, por vc, até umas 7 da noite. Só tendo o saco do Papai Noel ou meditando muito!

Eu quero ter a minha casa, meu apto, voltar a estudar, quero ter amigos que não vão mudar pro outro lado do mundo em alguns meses, ter tempo para os meus hobbies, para sentar na varanda e admirar o céu azul de sempre na hora que eu quiser, ser dona do meu nariz, sabe? Nisso, meu despertador tocou, deu 7am e eu tenho que levantar pra mais um dia de Au Pair.

E a saudade que eu tenho de casa é enorme. Eu nunca pensei que isso fosse ser algo que me incomodasse tanto. Não há nada como a família da gente, não canso de repetir. Quando estive no Brasil durante essas 3 semanas, senti como se eu fosse visita. É muito estranho.

Eu sinto como se só reclamasse ultimamente. Mas tenho plena consciência de que não é de todo ruim. Sei que dei sorte também de estar na família que estou, onde sou respeitada e incluída em todas as atividades e ocasiões. O lugar onde vivo que é maravilhoso, na beira da praia numa cidadezinha super fofa a 40 min. do centro de L.A.. Sei disso tudo. Eu amo essa família aqui. Eles são parte da minha vida agora e serão parte da minha história. Tento estar sempre presente, participar mesmo, somar com eles. O meu único problema é o trabalho (o principal, HAUHAUHAUHAU).

Enfim.

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Diálogo da semana:

Pocahontas: you're 25, right? Mr. Taylor(o professor de piano) is younger than you!
Au Pair encalhada: Yeah, I'm older than him.
P: why don't you marry him?
A: *gasp*
P: He's nice! You like him, don't you?
A: Yeah, I like him, he's nice, but this is not how things work.
P: I think you should marry him.

(Ela quer que eu case. Cismou)

Later that day...

A: Today Pocahontas said I could marry Taylor, hahahaha (e conto o diálogo acima)
Sandra: Pocahontas, he is too young for Bela. Plus, I don't think he is interested, if you know what I mean, Bela...

LMAO! E eu bem sei. O que é uma pena, vamos combinar. Todo aquele encosta-encosta durante a aula de piano numa pessoa carente como eu não me faz bem. Não mesmo.

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